segunda-feira, maio 10, 2010

África quer mudar de estratégia agrícola



A 20ª reunião do Fórum Económico Mundial (FEM) sobre África terminou no fim de semana em Dar es-Salaam, na Tanzânia, com o compromisso dos participantes de continuar a reflexão para soluções comuns às dificuldades da agricultura no continente.

Componente essencial da economia africana, o setor agrícola é fornecedor de 70 porcento dos empregos em países africanos como a Tanzânia.

Mas, as mudanças climáticas poderão reduzir em 25 porcento a produção agrícola nos próximos anos, "ameaçando igualmente a segurança alimentar e os eventuais rendimentos no plano económico".

"Não acredito na necessidade de cada país ter uma nova abordagem sobre a agricultura", declarou o Vice-Primeiro-Ministro do Zimbabwe, Arthur Mutambra, que questionou o que os países africanos conseguiram fazer das suas visões anteriores.

Para melhorar o perfil da sua agricultura, Mutambra considera que os blocos económicos regionais como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deverão estudar as suas visões regionais respetivas para permitir à agricultura ocupar um lugar de eleição tanto na vida das populações como na economia em geral.

O continente africano está confrontado com uma necessidade mais urgente de modernizar as suas políticas agrícolas, tendo em conta a explosão demográfica que ela regista, declararam os participantes no FEM.

Explicando as razões do atraso do desenvolvimento agrícola na Etiópia numa altura em que a maior parte da sua população sobrevive graças à ajuda humanitária, o primeiro-ministro, Meles Zenawi, admitiu que o espetro persistente da fome no seu país constitui "um dilema".

A Etiópia conheceu uma grande fome que, conduziu ao derrube, em 1975, do regime do imperador Haile Selassie e uma outra combinada com uma seca que assolou o país em 1984/85 sob o regime ditatorial do coronel Mengistu Haile Mariam.

Meles declarou que, desde a sua ascensão ao poder depois de derrubar o regime de Mengistu, em 1991, "o seu Governo tem conseguido dar uma assistência alimentar às populações confrontadas com um problema de sobrevivência".

A propriedade e a disponibilidade das terras são os factores essenciais que podem fazer da agricultura um motor do desenvolvimento em África. Na Etiópia, as terras foram nacionalizadas e distribuídas aos camponeses em 1985.

O contrato de cessão de terras não impediu os camponeses na Etiópia de dobrar todos os 10 anos a sua produção alimentar, mas a desnutrição e a insegurança alimentar ameaçam a população.

"Nos últimos 18 anos, surgiram pelo menos 30 milhões de pessoas suplementares por alimentar. Mas não devemos limitar os nossos nascimentos", declarou Meles.

Segundo o Presidente da Tanzânia, Jakaya Mrisho Kikwete, anfitrião este ano da reunião do FEM, o maior problema de África é a falta de meios.

Os participantes no FEM indicaram que os camponeses necessitaram de ajuda para transformar, para o seu consumo, os produtos da sua colheita dos quais eles conhecem o valor nutritivo.

Além disso, a tecnologia vai tornar a agricultura mais atrativa para os jovens que representam 60 porcento da população em África mas não está interessada por esta atividade que eles julgam aborrecida.



Fonte: Panapress

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