terça-feira, dezembro 22, 2009

Guiné-Bissau recebe ajuda orçamental de três milhões de França África

OJE/Lusa
A França concedeu à Guiné-Bissau uma ajuda orçamental de três milhões de euros, para o pagamento de salários e gratificações dos funcionários da Saúde e Educação, bem como de dívidas do governo.
O acordo de financiamento foi rubricado entre o ministro das Finanças guineense, Mário Vaz, e o embaixador da França em Bissau, Jean François Parot, tendo este considerado que o gesto traduz "o reconhecimento e a confiança da França nos esforços do governo" guineense.
"A França acompanha a Guiné-Bissau desde a sua independência e reitera hoje a sua solidariedade e a sua confiança neste país. É uma questão de justiça para um povo que deu prova nas últimas eleições presidenciais da sua maturidade e vontade de progredir", disse o embaixador francês.
Ainda de acordo com François Parot, a França congratula-se com o desempenho macroeconómico do actual governo da Guiné-Bissau, facto que, disse, foi sublinhado na última avaliação do FMI às contas do país.
Para demonstrar a sua satisfação, a França não só cumpriu a promessa de ajuda orçamental para 2009 como aumentou em um milhão de euros esse apoio.
Por seu turno, o ministro Mário Vaz enalteceu a cooperação e as ajudas que o governo tem recebido da França, mas notou que "as dificuldades de tesouraria ainda não acabaram".
"Só a dívida do Estado para com a banca comercial no país é de cerca de 14 mil milhões de francos CFA (21,3 milhões de euros). Portanto, a ajuda que hoje recebemos, no que concerne ao pagamento da dívida com banca é uma gota de água no oceano", afirmou Mário Vaz, referindo-se ao facto de parte da ajuda francesa se destinar ao pagamento a bancos comerciais.
Presente na cerimónia de assinatura do financiamento francês, o ministro da Saúde Pública guineense, Camilo Simões Pereira, disse à Lusa que o dinheiro irá ajudar a resolver o problema dos trabalhadores do sector, que nos últimos dias tem registado uma vaga de greves.

Presidente Mamadou Tandja critica CEDEAO

Niamey - O presidente nigerino Mamadou Tandja criticou veementemente a Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste (CEDEAO) que suspendeu o Níger, interrogando-se mesmo sobre o interesse de permanecer nesta organização, durante uma alocução televisiva.

"Tínhamos aderido à comunidade oeste-africana para promover a economia, o desenvolvimento social e a cultura (...) 30 anos depois não nos permitiu construir só um quilómetro de estrada asfaltada ou de linha eléctrica. Permanecer nela parece inútil", declarou Tandja domingo à televisão Estatal.

"Se temos bastante, não podemos deixar?", interrogou-se o presidente que se exprimia em língua haoussa à margem das festividades do 51º aniversário da República do Níger Diffa (leste), a sua região natal.

O chefe de Estado, que devia retirar-se em Dezembro após dois mandatos, obteve durante um referendo constitucional em Agosto o prolongamente de pelo menos três anos no poder, atraindo críticas de todas as partes.

Após a realização das eleições legislativas conturbadas a 20 de Outubro, boicotadas pela oposição e vencidas sem surpresa pelo partido de Tandja, a CEDEAO suspendeu o país por violação dos textos comunitários sobre a democracia.

Domingo à noite, Tandja denunciou "cláusulas futeis copiadas dos Brancos, inseridas" nos acordos da CEDEAO.

Considerou igualmente que o texto da CEDEAO, ratificado pelo Níger, proibindo aos 15 Estados-Membros alterar a sua Constituição nos seis meses antes de uma eleição sem consenso dos actores políticos do país, representava "um obstáculo para Estados independentes".

Em Maio e Junho passado, enquanto que o Parlamento e o Tribunal constitucional se opunham ao projecto do Presidente de alterar a Constituição para poder manter-se no poder, Tanja dissolveu estas duas instituições.

A União Europeia suspendeu a sua ajuda ao desenvolvimento em Novembro e pediu um regresso à ordem constitucional.

Um diálogo directo entre o poder e a oposição sobre a crise nigerina devia iniciar hoje (segunda-feira) em Niamey sob a égide de um mediador da CEDEAO.

sábado, dezembro 19, 2009

Bolsa de Abidjan encerra semana em alta

Dakar - A Bolsa Regional dos Valores Mobiliários (BRVM) de Abidjan (Côte d'Ivoire) encerrou sexta-feira em alta em relação à sessão precedente, indica um comunicado do mercado financeiro sub-regional.

O índice BRVM Compósito passou de 131,70 para 133,14 pontos, registando uma progressão de 1,09 por cento enquanto o índice BRVM 10 ganhou 1,34 por cento, terminando com 145,88 pontos.

O valor das transacções estabelece-se em 41,65 milhões de francos CFA contra 53,17 milhões de francos realizados durante a sessão de cotação de quinta-feira.

As negociações que envolveram 16 das 38 sociedades inscritas no mercado das acções, permitiram trocar 1.437 títulos.

A capitalização bolsista do mercado das acções fixou-se em 2.824.964.232.387 francos CFA enquanto a do mercado obrigacionista em 529.927.888.740 francos.

No mercado obrigacionista, 69 obrigações TPCI 6,95 por cento 2009- 2014 foram trocadas num valor total de 690 mil francos CFA, excluindo os juros acumulados.

A BRVM é comum aos oito países membros da União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA), designadamente o Benin, o Burkina Faso, a Côte d'Ivoire, a Guiné-Bissau, o Mali, o Níger, o Senegal e o Togo.
Fonte: ANGOP

quinta-feira, dezembro 17, 2009

África tem de apostar nela própria, dizem economistas em conferência Millennium Bim

Economistas moçambicanos divergiram em Maputo sobre a amplitude da crise mundial, mas concordaram que África só pode desenvolver-se apostando em factores internos, porque as ajudas internacionais são enganadoras.




Uma visão transmitida durante a 5ª. Conferência Económica do Millennium Bim, o maior banco moçambicano, cujo capital social é detido maioritariamente pelo Millennium BCP, de Portugal.



Durante a tarde Rajendra de Sousa, Abdul Magid Osman e João Mosca debateram o "Desenvolvimento económico em África no período pós-crise no contexto das alterações geoestratégicas de poder", defendendo que o continente africano tem de olhar para dentro de si procurar soluções endógenas para o desenvolvimento.



A discussão centrou-se à volta da crise mundial mas também nas relações da China com África e da dependência deste continente em relação à ajuda internacional. João Mosca, economista e professor, considera que a grande parte dos Governos do continente não está interessada na "endogeneização dos processos de desenvolvimento económico" e considera Moçambique um exemplo. A economia, diz, é movida essencialmente graças a recursos externos, mas o investimento externo é virado para a exportação, sendo esse o interesse dominante dos agentes económicos e não sendo fácil aos Governos "entrar em linha de ruptura com esta teia de relações".



"Se calhar o melhor que nos vai acontecer é os recursos externos começarem a escassear e termos de nos voltar para nós", diz Rajendra de Sousa, doutorado em sociologia e especialista em desenvolvimento rural.



A situação de África também não é a melhor para atrair investimento estrangeiro, segundo Magid Osman, antigo ministro das Finanças, comparando o continente com a China, que tem capacidade financeira e de construção. "Um bom investidor está de óculos escuros, não está a ver a localização do país, está à procura de retorno de capitais", diz, acrescentando que África, "sem infra-estruturas, sem telecomunicações, sem mão-de-obra qualificada" acaba por "passar ao lado". Um dólar investido na China faz 1,30 dólares, um dólar em África faz 60 cêntimos, afirma.



Transversal a tudo isto há uma crise que começou há um ano e três meses, como recorda João Figueiredo, presidente da Comissão Executiva do Millennium Bim. Crise que, diz, começou por ser financeira, depois passou a económica e finalmente a social, esta de mais difícil recuperação. Moçambique, afirma o responsável, embora com menos efeitos, acabou por sofrer com a queda do investimento estrangeiro e atrasos na concretização de projectos. Agora, diz João Figueiredo, parece que "a crise pode ter chegado ao fim", tudo indicando que se tenha surgido "uma nova ordem internacional".



Para João Mosca esta foi "uma crise de curto prazo, conjuntural, com efeitos fortes nos países desenvolvidos mas em que África sofreu bastante lateralmente", embora, por se tratar de um continente em desenvolvimento, o "bastante lateralmente" seja relativo.



Magid Osman defende, ao contrário, que a crise provocou "alterações profundas".



Com todos a defenderem que a grande oportunidade para África saída da crise é a procura de modelos de maior endogeneização dos processos de desenvolvimento; e a ser consensual também que África não pode influenciar a economia internacional; da assistência veio também um alerta: "fala-se muito do novo milénio e nós aqui nem sequer uma bicicleta sabemos fazer".

Fonte; Lusa