quinta-feira, janeiro 31, 2013

Banco Mundial retoma projectos, novos só após levantamento de sanções


Bissau - O Banco Mundial vai retomar "de imediato" os projectos que tinha em curso na Guiné-Bissau, mas novos apoios "só depois
do levantamento completo das sanções da comunidade internacional", disse hoje (quinta-feira) o ministro das Finanças de transição.  
Abubacar Demba Dahaba falava aos jornalistas após uma reunião com uma missão técnica do Banco Mundial que está em Bissau até à próxima quarta-feira e que marca o arranque dos projectos da instituição que estavam em curso e que tinham parado a 12 de Abril, quando do golpe de Estado que depôs o Governo eleito.  
Em Dezembro passado, a directora de operações do Banco Mundial para a Guiné-Bissau, Vera Songwe, tinha anunciado o retomar da cooperação com o país, continuando os projectos sociais que estavam em curso na altura do golpe de Estado.   
"Constatámos que havia muitos programas no país que são programas sociais e decidimos recomeçar o nosso envolvimento. Não são novos projectos mas sim continuar os que já existem e que envolvem cerca de 18 milhões de dólares" (13,6 milhões de euros), disse na altura Vera Songwe.  
O apoio e os respectivos desembolsos para os projectos serão feitos a partir da visita da missão técnica, afirmou hoje o ministro do Governo de transição, considerando esta ajuda vai ajudar no relançamento da actividade económica.   
"Temos projectos de assistência financeira, a nível da agricultura, da biodiversidade, que já vão começar a funcionar. São valores importantes e sobretudo de grande dimensão", disse Abubacar Demba Dahaba. 
 Fonte: Angop

Guiné-Bissau reinicia, 36 anos depois, exportação de amendoim


Um grupo de empresários chineses está a trabalhar com uma empresa guineense para voltar a comprar toda produção de amendoim da Guiné-Bissau, disse na terça-feira Botche Candé, administrador da empresa Cuba Limitada.

De acordo com Botché Candé, ministro do Comércio no governo deposto em Abril passado, a intenção da sua empresa é retomar a exportação de amendoim interrompida há 36 anos.
Tendo como compradores empresários chineses que já se encontram no país, a empresa do antigo ministro pretende comprar de imediato quatro mil toneladas de amendoim, quantidade que o próprio Botché Candé reconhece ser difícil de atingir.
No ano passado, Guiné-Bissau foi grande exportador de amendoim, tendo inclusive, em 1980, exportado para vários países do mundo, 25 mil toneladas do produto. Nos últimos anos, com o cultivo acentuado do cajú, o país deixou de produzir outras culturas.
A partir dos anos 90 do século passado, o cajú passou a ser o principal produto de exportação da Guiné-Bissau. Em 2010, o país exportou cerca de 180 mil toneladas, tendo rendido 156 milhões de dólares aos cofres do Estado, indicam dados do Governo.
A última colheita de cajú foi substancialmente mais fraca e houve dificuldades de exportação, devido ao golpe de Estado e à baixa de preço do produto no mercado internacional.
O grupo chinês que agora pretende comprar o amendoim guineense e visa, no futuro, abrir uma unidade de processamento do produto no país com o qual vai empregar 200 pessoas, disse Botché Candé.
Fonte: Angop

Brics vão criar alternativa ao Banco Mundial


Os Brics, sigla que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, deverão ultimar a criação do seu projectado banco de desenvolvimento na cimeira que terá lugar no próximo mês de Março em Durban. Anil Sooklal, do departamento sul-africano de Relações Internacionais e Cooperação, citada pela Voz da América, diz que a localização da sede do banco ainda não está decidida, não tendo ainda também sido discutido o fundo inicial. Mas Sooklal adianta que deverá ascender a USD 50 mil milhões, considerando que USD 10 mil milhões por cada um dos cinco membros parece ser um montante confortável para todos eles. O capital inicial de USD 50 mil milhões é ligeiramente inferior ao que a China já empresta aos países pobres e iguala a média anual de empréstimos concedidos pelo Banco Mundial.
‘Devo notar também que há vontade política para ter este banco. Não há dúvidas a esse respeito – há vontade política de todos os países do Brics, uma vez que nos bancos multilaterais os fundos estão a secar e os bancos do norte têm os seus próprios problemas’, afirma o diplomata sul-africano. Segundo Sooklal há cada vez menos capital líquido para investir e, actualmente, dois terços das reservas são dos países em vias de desenvolvimento, sendo que a maior parte destes dois terços pertencem aos Brics.
A África do Sul, que se associou ao grupo das novas potências emergentes no final de 2010, e o único país africano que o integra, encarou sempre com algumas reservas o G8 – grupo das oito maiores economias mundiais. O grupo de nações do hemisfério norte determina o curso da economia mundial baseado nos interesses dos seus membros, interesses esses que são impostos ao resto do mundo, considera a África do Sul.
O grupo dos Brics representa 20% do PIB mundial (cerca de USD 18 mil milhões) e alberga 40% da população do planeta.
INICIATIVA INDIANA
A decisão de criar um banco de desenvolvimento específico para a região dos Brics foi tomada em Março de 2012, na 4ª cimeira do grupo que teve lugar na Índia, em Nova Deli. Numa declaração conjunta assinada pela presidente brasileira Dilma Rousseff e pelos presidentes Dmitri Medvedev (Rússia), Hu Jintao (China) e Jacob Zuma (África do Sul), além do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, efectuada no encerramento da 4ª Cúpula do Brics, em Nova Delhi, os cinco países comprometiam-se em empenhar-se na criação de um banco de desenvolvimento específico para a região do Brics. Foi ainda decidido que um grupo de trabalho, constituido por técnicos das cinco nações, iria efectuar os estudos para organizar e montar a instituição financeira, salvaguardando-se que, antes da consolidação da nova instituição, os cinco países continuariam a negociar com recurso ás respectivas moedas.
A proposta de criação do banco de desenvolvimento do Brics foi apresentada pelo primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh. A proposta indiana foi apresentada, a primeira vez, durante uma reunião de ministros das Finanças e dirigentes dos bancos centrais dos Brics no México. A ideia é que a nova instituição seja uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Para os indianos o objectivo é estabelecer um mecanismo que permita o financiamento de projectos exclusivamente nos países em desenvolvimento. O surgimento da nova instituição permitirá ainda pressionar o FMI e o BM a mudar s sua correlação de forças interna, há muito reclamada pelas economias emergentes.
A presidência da instituição deve ser rotativa entre os cinco integrantes do Brics. Paralelamente, os líderes presentes aos debates deverão reiterar a defesa da ampliação do FMI.
A cimeira em Durban, no final de Março, deverá contar com 800 participantes (entre eles muitos empresários) dos cinco países do Brics. A primeira cimeira dos Bric teve lugar na Rússia em 2009 e a África do Sul passou a integrar o grupo em 2010, altura em que o acrónimo, criado por Jim O’Neill, da Goldman Sachs, mudou para Brics.
No entanto, a força inicial dos Brics começa a ser questionada por alguns alistas. Os países que integram o grupo não só se ressentiram da crise internacional, abrandando a sua velocidade de crescimento, como enfrentam uma ‘agenda interna’, ou seja, problemas entre si, que não são de fácil solução.
Como afirmava ainda no início deste mês Bob Davis, correspondente de The Wall Street Journal em Pequim, ‘a esperança de que os países dos Brics se ajudariam entre si, aumentando o comércio, o investimento e o apoio político, esvaiu-se. Autoridades e analistas dos Brics afirmam que eles agem tanto como concorrentes quanto como aliados e que um dos seus problemas reside nessa falta de coesão’.

Artigo: O Pais 

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Missão de BM visita Bissau


Bissau, 30 Jan13 (ANG) Uma Missão de Banco mundial, chefiada pelo seu Líder Sectorial de Gestão Financeira, Eric Brintet, chega esta quinta-feira ao país, para uma visita de trabalho de uma semana.


O anúncio da vinda da missão consta num comunicado à imprensa do Ministério das Finanças à que a Agência de Notícias da Guiné-ANG teve acesso.

De acordo com o documento, a referida missão vai avaliar o engajamento financeiro no âmbito dos projectos financiados por esta instituição, cujos desembolsos estavam suspensos”.

Segundo o comunicado, a missão manterá discussões com as autoridades políticas guineenses e com os departamentos ministeriais responsáveis pelos programas em curso no país, nos sectores privados e público, com destaque para o desenvolvimento rural, energia e água.

O Banco Mundial, que havia suspendido a cooperação com a Guiné-Bissau, na sequência do golpe de estado de 12 de Abril de 2012, anunciou recentemente às autoridades de transição a materialização do financiamento dos projectos aprovados antes da referida sublevação militar.

FIM/QC 

Cônsules da Guiné-Bissau prometem mobilizar investimentos estrangeiros


Bissau, 30 Jan 13 (ANG) - os cônsules honorários da Guiné-Bissau comprometeram-se em desenvolver a cooperação entre a Guiné-Bissau e os países onde estão acreditados e de ajudar o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNECIC) no seu funcionamento divido as dificuldades financeiras com que se depara.

O compromisso foi assumido no âmbito da primeira conferência de Cônsules Honorários cuja cerimónia de encerramento se realizou, quarta-feira, em Buba, Sul da Guiné-Bissau.

Os cônsules encerraram os trabalhos desta conferência com a adopção de um documento intitulado “ Declaração de Buba 2013”.

No documento, os cônsules defenderam a institucionalização da data, e realização de reuniões periódicas para melhor acompanharem a situação da diáspora guineense, sobretudo nas localiBdades que carecem de cobertura diplomática.

O acto de enceramento foi presidido pelo Secretário de Estado das Comunidades, Idelfrides Fernandes na presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades, Faustino Fudut Imbali, e dos técnicos do Ministério da Economia, Plano e Integração Regional.

Na ocasião, o Secretário de Estado das Comunidades disse que o encontro vai reforçar ainda mais as relações entre o MNECIC e os cônsules honorários da Guiné-Bissau.

Os cônsules honorários da Guiné-Bissau presentes nesta primeira conferência que decorreu de 29 a 30 do mês em curso foram unânimes em assumir que vão mobilizar os investimentos estrangeiros para a Guiné-Bissau, considerando que este é o melhor momento para o fazer.

ANG/LPG

A nova corrida pela África

A nova corrida pela África

A África depois da Copa do Mundo de 2010 - Nova África

Milionário sul-africano doará parte de sua fortuna a fundação de caridade


O bilionário sul-africano Patrice Motsepe anunciou que doará a metade de sua fortuna a uma fundação de caridade, respondendo, assim, à iniciativa que os também bilionários Bill Gates e Warren Buffett iniciaram em 2010.
Patrice Motsepe, 51, controla o grupo mineiro African Rainbow Minerals e é dono da oitava fortuna africana, com US$ 2,65 bilhões, segundo a revista americana Forbes.
Esse dinheiro "será utilizado durante sua vida e, depois, (...) para melhorar a vida e as condições dos sul-africanos pobres, deficientes, desempregados, as mulheres, os jovens e os operários", declarou sua mulher, Precious.

Motsep é o primeiro africano a responder à campanha que o investidor Warren Buffett e o cofundador da Microsoft Bill Gates lançaram em 2010 para animar as pessoas mais ricas do mundo a doar a maior parte de sua fortuna para obras filantrópicas.

Economia africana é a segunda que mais cresce

O continente africano possui, actualmente, a segunda economia com maior crescimento mundial e esta deverá acelerar-se em 2013. Apesar de alguma instabilidade, África permanece como um destino de grandes investimento, segundo o Fórum Económico Mundial (FEM).
Num comunicado publicado após a sua reunião realizada recentemente em Davos, na Suíça, o Fórum Económico Mundial de 2013 indica que, apesar de algumas situações explosivas, o continente permanece um destino de investimento maior.
"África já é a segunda economia com maior crescimento no mundo depois de ter conseguido uma taxa de crescimento de 5% anual nos dois últimos anos, o que está acima da média mundial, e se prevê que o PIB do continente atinja uma taxa de crescimento de 5,3% este ano", sublinha o comunicado a que a Panapress teve acesso.
Fonte: Economia de mercado

O escurinho do FMI


por Daniel Oliveira:

Usando a metáfora dos reis magos para se referir à troika, Arménio Carlos referiu-se, no seu discurso no final da manifestação dos professores, a Abebe Selassie como "o mais escurinho, o do FMI". Esta forma de falar do etíope representante do Fundo Monetário Internacional na troika causou natural incómodo a muita gente. A mim também. E por isso escrevi que "esta crise anda a fazer quase toda a gente perder o norte e o sul e coisas extraordinárias vêm de quem menos se espera". Outros foram os que, com mais ou menos veemência, se indignaram.

Em defesa de Arménio Carlos vieram muitas outras pessoas, mais e menos anónimas. Com argumentos variados. Uns, que nem deveriam merecer grandes comentários:criticar Arménio Carlos para defender o representante do FMI, nas circunstâncias em que o País vive, é dividir a oposição à troika e ajudar o inimigo. A ver se nos entendemos: considero a troika inimiga dos interesses do País e da justiça social. Mas isso não permite tudo. E não me permitirá a mim, com toda a certeza, esquecer outros valores e outros combates tão essenciais como os que agora se travam. O facto de ser dito pelo líder da CGTP, organização em que muitas vezes me revejo, torna a coisa mais grave para mim. Se não criticamos os nossos nunca teremos autoridade para criticar os outros.

Outro argumento foi um pouco mais sonso: então ele não é mesmo mais escurinho? Qual é o problema? A não ser que passe a ser normal responsáveis políticos referirem-se a adversários desta forma, tudo bem. Será, assim, natural ouvir em intervenções públicas falar do ministro das finanças alemão como o "aleijadinho" (ele, de facto, anda de cadeira de rodas, não anda?), a António Costa como o "monhé" (ele, de facto, tem origem indiana, não tem?), a Jaime Gama como o "badocha" (ele, de facto, tem uns quilos a mais, não tem?), a Ana Drago como a "pequenota" (ela, de facto, é baixa, não é?), a Mário Soares como o "velhadas" (ele, de facto, já não é jovem, pois não?), a Miguel Vale de Almeida como "larilas" (ele, de facto, assume publicamente a sua homossexualidade e faz da luta pelos direitos LGBT uma parte fundamental do seu combate político, não faz?). Espera-se, no entanto, que o debate público mantenha algumas regras de civilidade. E, sobretudo, que não alimente alguns preconceitos importantes. Arménio Carlos não disse o que disse num café, onde a conversa se pode aligeirar sem problemas. Disse o que disse numa intervenção pública oficial.

Por fim, porque não há oportunidade em que a expressão não seja usada a propósito ou a despropósito, veio a costumeira acusação do "politicamente correto". A ver se nos entendemos: o politicamente correto tem um sentido. E esse sentido resume-se assim: as palavras não são neutras e carregam consigo história, cultura e política. Por isso, devemos usá-las com correção. Não quer isto dizer que devemos ser bem comportados ou que devamos fazer de cada frase um manifesto político. Quer dizer que não devemos usar as palavras ao calhas. Pelo menos quando estamos a falar ou a escrever na arena pública e não conhecemos as convicções mais profundas dos nossos interlocutores. Há, claro, excessos de purismo no politicamente correto. Que me irritam, como me irritam todos os purismos. Mas o princípio está certo e não é preciso ser especialmente adepto dele para não gostar de ouvir falar de um responsável público como "escurinho".

Portugal é um país racista. Tem uma longa história de racismo. E uma longa história de negação desse racismo. É um racismo suave, sorrateiro, com diminuitivo (como "escurinho"), que não se exibe de forma descarada na praça pública. É, talvez, das formas mais insidiosas de racismo. E um homem que se enquadra numa corrente política com provas na luta contra o racismo e a discriminação, como Arménio Carlos, tem obrigação de saber isto. É por isso que o incómodo com esta afirmação deve ser maior por vir da sua boca. Não duvido, no entanto, que se a expressão tivesse sido dita por um homem de direita a indignação seria muito mais violenta. E mal. A direita tem, nesta matéria, menos responsabilidades. Não porque a direita seja, em geral, racista, mas porque acredita, em geral, que os portugueses não o são. É, por isso, menos vigilante consigo própria.

Se repararmos, Abebe Selassie é o primeiro negro com algum poder real em Portugal. Ou seja, num país razoavelmente multiétnico, o primeiro negro com algum poder só o consegue ter porque esse poder não resultou da vontade dos portugueses. Há, que me lembre, apenas um deputado negro no parlamento - e é do CDS. Não há nenhum presidente de Câmara, nenhum ministro, nenhum secretário de Estado. Isto tem de querer dizer qualquer coisa. Ou quer dizer que os portugueses não votam em negros ou quer dizer que a generalidade dos negros não consegue ascender socialmente no nosso país para chegar a cargos públicos relevantes. Porque são geralmente discriminados ainda antes de chegarem à fase de poder ascender a estes cargos. São discriminados na distribuição do rendimento, dos empregos, das oportunidades. E é neste contexto, e não numa sociedade que dá a todos, independentemente da sua etnia, as mesmas oportunidades, que Arménio Carlos falou de um "escurinho".

Arménio Carlos não se referiu aos outros dois representantes da troika como "o carequinha" e o "loirinho". E é normal. Carecas e loiros há em muitos cargos semelhantes. Não chega a ser um elemento distintivo. "Escurinhos" é que há poucos. Ou melhor, não há nenhum. Só que essa característica física não é comparável a outras que aqui referi. Ela é causa de uma discriminação muitíssimo mais profunda. E foi isso que Arménio Carlos, sem o querer, acentuou: em vez do nome e do cargo, sobrou a Selassie (que eu aqui já critiquei violentamente sem me ocorrer falar da sua cor de pele) o facto de ser "escurinho".

Selassie não foi identificado como etíope, que é, como técnico do FMI, que também é, como alguém que usa óculos, que usa, que é careca, que também é, ou que é politicamente incompetente, que parece ser. É negro. Não pretendo que sejamos cegos perante a negritude. O que fica claro é que, mal surge um pessoa com algum poder no nosso país que seja negra passa a ser essa a forma mais evidente de a identificar. Com direito a dimunitivo. Que isso aconteça num café ou entre amigos não me choca. Que seja essa a forma como o secretário-geral da CGTP se refere a um adversário político - e o facto de ser um adversário político e da frase ter sido dita no contexto de um ataque político só torna a coisa mais grave - numa iniciativa pública é relevante.

Arménio Carlos é racista? Não me parece. Mas a indignação não resulta de uma qualquer avaliação do carácter ou das características políticas de Arménio Carlos. Resulta do que a frase que proferiu num contexto oficial acrescenta ao discurso político em Portugal. Mais grave: o que ela acrescenta ao combate a uma intervenção externa que está a deixar as pessoas desesperadas. A intervenção externa é condenável, mas nunca se pode passar a ideia que ela é condenável porque envolve um "boche" ou um "escurinho". Porque, mesmo que não seja essa a intenção de quem assim falou, isso transforma uma resistência em defesa da soberania democrática num ataque xenófobo. Repito: mesmo que não seja, e estou seguro de que não era, a vontade de Arménio Carlos. É que o sentido das palavras ditas na arena pública não depende da vontade de quem as diz. Dirigindo-se indistintamente a todos - e também a quem seja, e são muitos, racista -, é apropriável por todos. Por isso somos obrigados a especiais cuidados quando as dizemos no espaço público.

Arménio Carlos já veio dizer que não sabe de ninguém que tenha ficado pessoalmente incomodado. E que se alguém ficou, transmite as suas desculpas. Arménio Carlos é um político e tem obrigação de saber que a questão não é o incómodo pessoal de cada um. O confronto político permite o incómodo dos outros. Ele até poderia insultar Selassie. Mas deve pensar bem se o insulto que escolhe corresponde aos valores políticos que defende. A questão é o que a expressão, ainda mais com o diminutivo paternalista, revela. E se há coisa que um político tem de saber é que as palavras, sendo parte fundamental do seu ofício, são importantes. Um trabalhador pode ser um "colaborador"? Pode. Um despedimento colectivo pode ser uma "reestruturação" de uma empresa? Pode. E, como tão bem sabe Arménio Carlos, não é indiferente se usa umas ou outras expressões. Mesmo que ninguém fique pessoalmente incomodado por ser chamado de "colaborador". Porque, como gritava Nanni Moretti, "as palavras são importantes". E em política elas são muito importantes. Mesmo quando não se quer ofender ninguém.

Publicado no Expresso Online

sexta-feira, janeiro 25, 2013

De Regresso ao Blog


Depois de algum periodo de ausencia.. estou de volta ao meu Blog. Como se diz no ditado popular: ' .. mais vale tarde que nunca.." Entao aproveito esta oportunidade para desejar a todos que estes 365 dias de 2013 sejam de muitas felicidades e de muitos sucessos nos projetos de vida de cada um de nos.
Na verdade 2012 foi um ano dificil para muitos de nos. Um ano marcado pelo agudizar da crise financeira mundial, por guerras e conflitos de natureza diversa em diferentes partes do nosso globo e tambem por desastres e catastrofes naturais que atingiram  
Estamos esperancados que em 2013 a retoma do crescimento da economia mundial sera alcancada e os indices de desemprego finalmente serao estabilizados. Os indicadores macroeconomicos nos EUA e na UE para este novo ano sao encorajadores e a retoma da actividade economica, embora timida, ja esta a ser sentida. 
A nivel politico-social, ha transformacoes positivas que se estao a operar no mundo inteiro. Em varias partes do globo, os sistemas socio-politicos estao a readaptar-se, reajustar-se aos padroes de uma sociedade livre e  democratica. Contudo, os fenomenos da violencia, da guerra. do desrespeito pelos direitos da pessoa humana continuam a estar presentes no quotidiano de boa parte de Paises no mundo inteiro. 
Portanto, resta-me desejar mais uma vez que este ano continue a trazer estabilidade e progresso para o mundo inteiro e que os projectos de vida de cada um de nos se realize com sucessos.