quarta-feira, agosto 04, 2010

Hillary lamenta corrupção e barreiras comerciais da África

WASHINGTON (Reuters) - As barreiras comerciais, a falta de infraestrutura e a corrupção estão prejudicando os esforços para ampliar e diversificar o comércio da África, disse na terça-feira a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton.
Prometendo ajudar o continente a superar a pobreza, Hillary disse que a estratégia de comércio e desenvolvimento do governo de Barack Obama salienta "o estímulo a mercados regionais dentro da África, o aumento do comércio e da eficácia da ajuda e trabalho com governos parceiros para promover reformas estruturais e uma gradual liberalização do mercado".
Ela disse a um fórum anual sobre o comércio EUA-África que a Lei de Crescimento e Oportunidades Africanas (Agoa, na sigla em inglês), que dá isenção tributária a mais de 6.400 produtos de países da África Subsaariana nos EUA, não gerou a expansão comercial esperada.
"Derivados de petróleo ainda respondem pela vasta maioria das exportações para os Estados Unidos, e não vimos a diversificação ou o crescimento das exportações que a Agoa deveria estimular", disse ela a uma plateia de políticos e empresários africanos.
O representante de comércio exterior dos EUA, Ron Kirk, disse na segunda-feira que a Agoa deve ser renovada pelo Congresso antes de expirar, em 2015, mas que dificilmente se tornará algo permanente. Entidades comerciais africanas dizem que a natureza temporária do programa desestimula investimentos de longo prazo no continente.
Hillary afirmou que a economia da África Subsaariana deve crescer neste ano mais do que as da América do Sul, Europa e EUA. Mas ela lamentou que uma região com 12 por cento da população mundial responda por menos de 2 por cento do PIB global.
"Muitos dos principais desafios da África - de infraestrutura inadequada a instabilidade política e corrupção - também apresentam oportunidades para soluções de mercado, parcerias criativas e ação responsável do governo, que poderiam produzir um fundamento mais seguro para o desenvolvimento da África."
Ela acrescentou que a região precisa melhorar suas estradas, seu transporte aéreo e suas redes elétricas, para favorecer o comércio e o empreendedorismo. Segundo ela, a corrupção custa cerca de 150 bilhões de dólares por ano para a África, "afasta investimentos, coíbe a inovação e desacelera o comércio".
Hillary citou negativamente também as tarifas elevadas, a corrupção nas alfândegas e a burocracia.
Como um exemplo positivo ela mencionou a Comunidade do Leste Africano, que incorpora Quênia, Tanzânia, Uganda, Ruanda e Burundi num mercado de 127 milhões de pessoas, com PIB conjunto de 73 bilhões de dólares. O bloco aumentou seu comércio em 50 por cento desde que estabeleceu um mercado comum, em 2005, além de reduzir tarifas e harmonizar suas regras empresariais.