segunda-feira, setembro 15, 2008

Entenda a crise financeira que atinge a economia dos EUA



A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.
Financiadoras
Em setembro do ano passado, o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito 'subprime' (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.
Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns têm anunciado perdas bilionários e prejuízos decorrentes da crise. Entre as vítimas mais recentes da crise estão as duas maiores empresas hipotecárias americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Consideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, "tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de nosso país e no restante do globo", no dia 7 deste mês foi anunciada uma ajuda de até US$ 200 bilhões.
As duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac).
Menos sorte teve o Lehman Brothers: o governo não disponibilizou ajuda como a que foi destinada às duas hipotecárias. O banco previu na semana passada um prejuízo de US$ 3,9 bilhões e chegou a anunciar uma reestruturação. Antes disso, o banco já havia mantido conversas com o KDB (Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, na sigla em inglês) em busca de vender uma parte sua, mas a negociação terminou sem acordo.
O Bank of America e o Barclays também recuaram, depois que ficou claro que o governo não iria dar suporte à compra do Lehman. Restou ao banco entregar à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York um pedido de proteção sob o "Capítulo 11", capítulo da legislação americana que regulamente falências e concordatas.
Combate
Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia --o que faz crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo--, o presidente americano, George W. Bush, sancionou em fevereiro um pacote de estímulo que dará cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos.
O pacote prevê uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por filho. Quem não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, terá direito a cheques de US$ 300. Mais de 130 milhões de pessoas serão beneficiadas.

quinta-feira, julho 03, 2008

Inflação ameaça reservas em 60 países, diz FMI

A alta dos preços dos alimentos e do petróleo deixou alguns países numa "situação crítica", disse ontem o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Segundo estudo do Fundo, há 60 países sob risco de acabar com as reservas internacionais se os preços desses itens se mantiverem no nível atual. O estudo cita 18 países africanos em perigo por causa do choque do petróleo e da inflação dos alimentos: Eritréia, Etiópia, Guiné, Libéria, Madagáscar, Malawi, Congo, Zimbábue, Benin, Burkina Fasso, República Centro-Africana, Guiné-Bissau, Mali, Togo, Burundi, Comoros, Gâmbia e Serra Leoa."Se os preços do petróleo se mantiverem no nível atual e os alimentos continuarem subindo, alguns governos não conseguirão alimentar a população e ao mesmo tempo manter a estabilidade da economia conquistada a altos custos", disse Strauss-Kahn. Segundo ele, os dez últimos anos de boas políticas macroeconômicas estarão ameaçados pela inflação. O barril do petróleo subiu de US$ 30 em 2003 para mais de US$ 140 recentemente. A inflação dos alimentos dobrou desde 2006

quarta-feira, julho 02, 2008

Guiné-Bissau é 2ª economia mais afectada pelo "choque" de preços de alimentos e petróleo - FMI

A economia da Guiné-Bissau é a segunda mais afectada pelo "choque" de preços internacionais de alimentos e petróleo, que, pelo contrário, está a beneficiar Angola, revela um estudo hoje divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O estudo "O Impacto dos Choques de Preços de Alimentação e Combustíveis nas Balanças de Pagamentos dos Países Africanos de Baixos Rendimentos", do Departamento Africano do FMI, conclui que o efeito da variação de custos nas contas guineenses é negativa num montante equivalente a 8,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau em 2007.
Na lista dos 18 países mais afectados, só a Eritreia surge em situação pior que a do país lusófono, com um impacto negativo equivalente a 15,3 por cento do PIB.
Numa declaração a propósito do estudo, o director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, alertou que "alguns países estão no limite" das suas possibilidades.
"Se os preços dos alimentos continuarem a subir e o petróleo se mantiver alto, alguns países vão deixar de poder alimentar a sua população e ao mesmo tempo manter a estabilidade económica. Precisam de boas opções políticas e ajuda da comunidade internacional", disse.
"O seu desafio é também o nosso. É o de garantir abastecimento alimentar preservando os benefícios de redução da pobreza resultantes do crescimento económico mais rápido dos últimos anos, inflação baixa e uma melhor situação orçamental e de balança de pagamentos", acrescentou.
Dos países lusófonos incluídos na análise do FMI, apenas Angola sai a ganhar, pelo facto de ser um produtor de petróleo: o impacto na balança de pagamentos equivale a 37,2 por cento do PIB, e 188,6 por cento das reservas internacionais.
No caso da Guiné-Bissau, o principal impacto resulta do encarecimento dos combustíveis - menos 7,6 por cento do PIB - resultando outros 1,1 pontos percentuais dos maiores gastos na importação de alimentos.
Os economistas da instituição financeira de apoio ao desenvolvimento calculam ainda que o impacto é equivalente a 31,5 por cento das reservas externas guineenses.
Face à situação, o FMI afirma estar a "considerar formas de aumentar o financiamento" à Guiné-Bissau e admite partir no final de 2008 para um acordo global de combate à pobreza (PRGF, na sigla inglesa), que tenha em conta o impacto do choque de preços.
"Enquanto país frágil a emergir de um conflito, é limitado o efeito de ajustamentos fiscais de curto prazo", como os aplicados pelas autoridades para aliviar os efeitos da situação, suspendendo tarifas de importação de arroz e combustíveis, medida que implicou a perda de 10 por cento das receitas fiscais do Estado, ou 1,0 por cento do PIB, segundo o relatório.
Dado que é "limitada" a capacidade das autoridades de Bissau para gerar receitas a curto prazo, adianta o FMI, a estabilidade económica do país depende de forma "crítica" de assistência financeira internacional.
Face à subida do custo das importações, o défice corrente guineense deverá ficar este ano pelos 15 por cento do PIB, três pontos percentuais acima do previsto.
Apesar de uma descida ligeira no início do ano, a inflação está "bem acima dos níveis históricos" - no final de Abril situava-se nos 8,1 por cento.
A lista dos 18 países mais afectados inclui ainda a Libéria, Eritreia, Togo, Comoros, Malaui, Guiné-Conacri, Gâmbia, Serra Leoa, Madagáscar, Burundi, Etiópia, Burkina Faso, República Centro-Africana, Benim, Mali, Zimbabué e República Democrática do Congo.
O FMI frisa que a análise reflecte a conjuntura de Maio - 112 dólares por barril de petróleo, abaixo da cotação actual - e que portanto não é definitiva e está sujeita a mudanças que entretanto venham a ocorrer nos mercados.
Entre os países também afectados pela conjuntura inflacionista, mas com balança de pagamentos mais desafogada, estão Moçambique (perdas equivalentes a 3,8 por cento do PIB ou 24,3 por cento das reservas externas) e também São Tomé e Príncipe (menos 2,2 por cento do PIB e 8,9 por cento das reservas).

Fonte:Lusa

quarta-feira, março 19, 2008

Guiné-Bissau e Portugal assinam acordos de cooperacao



Guiné-Bissau: Portugal assina na capital guineense dois acordos de cooperação no valor total de 3,5 ME


O governo de Portugal assinou hoje com o executivo guineense dois documentos para a doação de dois milhões de euros ao Orçamento de Estado guineense e de assistência técnica às finanças públicas, este orçado em 1,5 milhões de euros.
Os acordos foram assinados pelo secretário de Estado do Tesouro e Finanças português, Carlos Costa Pina, que terminou hoje uma visita oficial de três dias a Bissau, e o ministro das Finanças guineense, Issuf Sanhá.
Segundo o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de Portugal, os dois documentos assinados são um "testemunho importante do relacionamento entre Portugal e a Guiné-Bissau e da confiança nas instituições que deve ser reforçada e deve ser apoiada".
"Afirmámos, nesse sentido, o compromisso do governo português de tudo fazer para apoiar o governo guineense no domínio das finanças públicas para que possa encontrar uma rota de estabilidade e viabilidade ao processo de desenvolvimento económico do país", sublinhou Carlos Costa Pina.
"E, sob esse ponto de vista, o esforço que a Guiné-Bissau tem feito ao nível das finanças públicas e ao nível do seu processo de desenvolvimento assente em duas iniciativas importantes (estratégia nacional de luta contra a pobreza e saneamento mínimo das finanças públicas) é um claro sinal do reforço da confiança com que a comunidade internacional vai olhando para a Guiné", acrescentou.
O Programa Integrado na Cooperação e Assistência Técnica às Finanças Públicas guineense a desenvolver por Portugal, prevê, essencialmente, reorganizar as finanças públicas do país.
A assinatura destes dois documentos constitui, segundo Issuf Sanhá, a "expressão da vontade política do governo português em contribuir para a estabilidade das finanças públicas" guineenses.
"O país encontra-se numa situação difícil, caracterizado por profundos desequilíbrios financeiros, consequência do conflito de 1998, a que se seguiu um período de destruturação quase total das nossas administrações", explicou o ministro das Finanças guineense.
"Antes do conflito, o país gerava receitas suficientes para fazer fase às despesas internas (...) hoje a massa salarial ultrapassa os 100 por cento das nossas receitas fiscais o que, como podem imaginar, torna a Guiné-Bissau dependente de ajudas externas, isto é, dos impostos dos cidadãos dos países amigos", acrescentou Issuf Sanhá.
Nesse sentido, o ministro agradeceu a Portugal a "contribuição valiosa" que deu ao processo de aprovação do Programa Mínimo de Saneamento financeiro e "viabilização dos apoios orçamentais, que tem vindo a conceder" ao país


Fonte: Lusa

Estou de volta

Caros leitores!

Depois de algum tempo de ausencia, por motivos pessoais e familiares, estou de volta ao vosso convivio. Algumas vezes os afazeres da vida nos obriga a um retiro estrategico!!! Como ate aqui, estarei de volta para trazer a minha opiniao sobre diferentes temas relacionadas com a nossa guiné, com maior incidencia em aspectos de indole economico e financeiro, sem no entanto por de lado, caso se justifique, abordagem de outros temas sobre a governacao em geral. Quero, igualmente, comecar a introduzir temas que tem a ver com a economia mundial, sobretudo a economia americana, País onde estou a residir, e europeia.
Desejo, sinceramente, que haja mais pessoas a participar, trazendo opinioes e ideias nao so sobre temas aqui tratados, mas tambem aqueles que consideram importantes e uteis para ajudar a informar e compreender os acontecimentos macroeconomicos que tem lugar na nossa economia.
Agradeco antecipadamente e deixo o convite a todos.
Walter