quinta-feira, julho 03, 2008

Inflação ameaça reservas em 60 países, diz FMI

A alta dos preços dos alimentos e do petróleo deixou alguns países numa "situação crítica", disse ontem o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Segundo estudo do Fundo, há 60 países sob risco de acabar com as reservas internacionais se os preços desses itens se mantiverem no nível atual. O estudo cita 18 países africanos em perigo por causa do choque do petróleo e da inflação dos alimentos: Eritréia, Etiópia, Guiné, Libéria, Madagáscar, Malawi, Congo, Zimbábue, Benin, Burkina Fasso, República Centro-Africana, Guiné-Bissau, Mali, Togo, Burundi, Comoros, Gâmbia e Serra Leoa."Se os preços do petróleo se mantiverem no nível atual e os alimentos continuarem subindo, alguns governos não conseguirão alimentar a população e ao mesmo tempo manter a estabilidade da economia conquistada a altos custos", disse Strauss-Kahn. Segundo ele, os dez últimos anos de boas políticas macroeconômicas estarão ameaçados pela inflação. O barril do petróleo subiu de US$ 30 em 2003 para mais de US$ 140 recentemente. A inflação dos alimentos dobrou desde 2006

quarta-feira, julho 02, 2008

Guiné-Bissau é 2ª economia mais afectada pelo "choque" de preços de alimentos e petróleo - FMI

A economia da Guiné-Bissau é a segunda mais afectada pelo "choque" de preços internacionais de alimentos e petróleo, que, pelo contrário, está a beneficiar Angola, revela um estudo hoje divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O estudo "O Impacto dos Choques de Preços de Alimentação e Combustíveis nas Balanças de Pagamentos dos Países Africanos de Baixos Rendimentos", do Departamento Africano do FMI, conclui que o efeito da variação de custos nas contas guineenses é negativa num montante equivalente a 8,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau em 2007.
Na lista dos 18 países mais afectados, só a Eritreia surge em situação pior que a do país lusófono, com um impacto negativo equivalente a 15,3 por cento do PIB.
Numa declaração a propósito do estudo, o director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, alertou que "alguns países estão no limite" das suas possibilidades.
"Se os preços dos alimentos continuarem a subir e o petróleo se mantiver alto, alguns países vão deixar de poder alimentar a sua população e ao mesmo tempo manter a estabilidade económica. Precisam de boas opções políticas e ajuda da comunidade internacional", disse.
"O seu desafio é também o nosso. É o de garantir abastecimento alimentar preservando os benefícios de redução da pobreza resultantes do crescimento económico mais rápido dos últimos anos, inflação baixa e uma melhor situação orçamental e de balança de pagamentos", acrescentou.
Dos países lusófonos incluídos na análise do FMI, apenas Angola sai a ganhar, pelo facto de ser um produtor de petróleo: o impacto na balança de pagamentos equivale a 37,2 por cento do PIB, e 188,6 por cento das reservas internacionais.
No caso da Guiné-Bissau, o principal impacto resulta do encarecimento dos combustíveis - menos 7,6 por cento do PIB - resultando outros 1,1 pontos percentuais dos maiores gastos na importação de alimentos.
Os economistas da instituição financeira de apoio ao desenvolvimento calculam ainda que o impacto é equivalente a 31,5 por cento das reservas externas guineenses.
Face à situação, o FMI afirma estar a "considerar formas de aumentar o financiamento" à Guiné-Bissau e admite partir no final de 2008 para um acordo global de combate à pobreza (PRGF, na sigla inglesa), que tenha em conta o impacto do choque de preços.
"Enquanto país frágil a emergir de um conflito, é limitado o efeito de ajustamentos fiscais de curto prazo", como os aplicados pelas autoridades para aliviar os efeitos da situação, suspendendo tarifas de importação de arroz e combustíveis, medida que implicou a perda de 10 por cento das receitas fiscais do Estado, ou 1,0 por cento do PIB, segundo o relatório.
Dado que é "limitada" a capacidade das autoridades de Bissau para gerar receitas a curto prazo, adianta o FMI, a estabilidade económica do país depende de forma "crítica" de assistência financeira internacional.
Face à subida do custo das importações, o défice corrente guineense deverá ficar este ano pelos 15 por cento do PIB, três pontos percentuais acima do previsto.
Apesar de uma descida ligeira no início do ano, a inflação está "bem acima dos níveis históricos" - no final de Abril situava-se nos 8,1 por cento.
A lista dos 18 países mais afectados inclui ainda a Libéria, Eritreia, Togo, Comoros, Malaui, Guiné-Conacri, Gâmbia, Serra Leoa, Madagáscar, Burundi, Etiópia, Burkina Faso, República Centro-Africana, Benim, Mali, Zimbabué e República Democrática do Congo.
O FMI frisa que a análise reflecte a conjuntura de Maio - 112 dólares por barril de petróleo, abaixo da cotação actual - e que portanto não é definitiva e está sujeita a mudanças que entretanto venham a ocorrer nos mercados.
Entre os países também afectados pela conjuntura inflacionista, mas com balança de pagamentos mais desafogada, estão Moçambique (perdas equivalentes a 3,8 por cento do PIB ou 24,3 por cento das reservas externas) e também São Tomé e Príncipe (menos 2,2 por cento do PIB e 8,9 por cento das reservas).

Fonte:Lusa