sexta-feira, janeiro 27, 2012

Dança do dragão chinês e leão africano - cooperação pragmática entre China e África se desenvolve em todas as áreas

Logo no início do ano do dragão, líderes chineses já começam a visitar o exterior. No próximo dia 27, o presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Jia Qinglin, deixará o país rumo à Etiópia para uma visita de Estado e para participar da cerimônia de abertura da 18ª Cúpula da União Africana. O evento reunirá mais de 30 líderes dos países africanos. A sede da reunião, o Centro de Conferência da UA, concluída há poucos dias com auxílio do governo chinês, é considerada uma nova marca histórica da parceria entre China e África. Atualmente, os dois parceiros íntimos, o "dragão chinês" e o "leão africano", estão reforçando cada vez mais a cooperação. Ouça a reportagem:
São notáveis os resultados da cooperação pragmática entre China e África nos últimos anos. Na Cúpula de Beijing do Fórum de Cooperação China-África, realizada em 2006, foi anunciada a criação da nova parceria estratégica com confiança mútua na política, cooperação de benefício recíproco na economia e intercâmbio e estudo mútuo na área da cultura. A China lançou oito metidas pragmáticas de cooperação com a África, incluindo a construção do Centro de Conferência da UA. Após a eclosão da crise financeira global, a economia mundial estava enfraquecida, mas a cooperação entre China e África nunca foi suspensa. Em 2011, o investimento direto da China no continente africano atingiu US$1,7 bilhão, um aumento de 59% em relação a 2010.
O destino da visita de Jia Qinglin, a Etiópia, é um bom exemplo da cooperação entre China e África. O diretor do Departamento da África do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Shaye, apontou que, embora a Etiópia não seja um país com ricos recursos naturais, a cooperação entre os dois países tem sido bem sucedida. Lu atribuiu aos seguintes motivos:
"Primeiro, os dois governos apoiam muito o desenvolvimento da cooperação. Segundo, o governo da Etiópia tem um conhecimento completo e racional sobre o próprio país e possui um sistema jurídico perfeito, o que cria boas condições para a cooperação bilateral. O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, pediu ajuda à China para a industrialização do país, o que também corresponde à vontade chinesa. Por isso, a cooperação com a África não depende só da força chinesa, mas também da coordenação do governo local."
Em novembro do ano passado, o volume comercial entre China e África ultrapassou a casa de US$ 150 bilhões. O país asiático já se tornou o maior parceiro comercial do continente. Além disso, as colaborações nas áreas de finanças, turismo, telecomunicações e transporte fluvial também estão se desenvolvendo bem. Para analistas, existe uma forte complementaridade na cooperação comercial e econômica sino-africana, maior até do que com alguns países desenvolvidos. O famoso economista da África do Sul, Martyn Davis, afirmou:
"Há dez anos, as empresas chinesas que investiram na África do Sul eram de pequeno porte e, principalmente, na área de indústria leve. Hoje, cada vez mais empresas de eletricidade, automotivas e agrícolas entram no mercado sul-africano. As companhias chinesas nos trazem custo mais baixo, mais tecnologia e melhor infraestrutura, sendo exatamente o que nós precisamos."
Na mesma proporção que as colaborações econômicas, o intercâmbio cultural e humano entre China e África também se desenvolveu. Em 2011, foram criadas linhas aéreas entre o país asiático e vários africanos. No continente, 27 locais já estão na lista de destinos turísticos dos chineses. O número de Institutos Confúcio aumentou para 28, espalhados por 21 países africanos. Aliás, foram criados sucessivos fóruns de juventude, Think-Tank e cooperação científica e tecnológica entre a China e a África.

África está pronta para contribuir com crescimento mundial

DAVOS — A África está finalmente pronta para contornar seu histórico de pobreza e passar a exercer um novo papel na economia mundial como poderoso motor de crescimento, disseram diversos dirigentes políticos africanos no Fórum Econômico de Davos (Suíça).
Apesar de todos eles admitirem que ainda há muito por fazer no continente mais pobre do planeta, em especial em matéria de infraestrutura, comércio e educação, os dirigentes foram unânimes em afirmar que a região passou para um novo patamar de crescimento.
"Qual é a economia de um trilhão de dólares que cresceu na última década mais rapidamente que a Índia e que crescerá na próxima década mais rapidamente que o Brasil?", perguntou o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, retomando uma pergunta da ex-diretora do Banco Mundial, Ngozi Okonjo Iweala.
"A resposta é, obviamente, a África Subsaariana", respondeu o próprio dirigente britânico ante os participantes do 42ª Fórum Econômico Mundial.
Já o primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, também expressou uma visão otimista.
"Estamos conscientes de termos crescido nos últimos anos mais rapidamente que antes. E por isso cremos que a África pode e quer ser o próximo motor do crescimento mundial", afirmou.
Segundo Zenawi, a África está "atualmente no mesmo nível que a Índia estava no início da década de 1990. Inclusive temos agora aproximadamente uma população do mesmo tamanho".
Para o president da Guiné, Alpha Condé, o continente africano está pronto para avançar, apesar de muitos pensarem que a região ainda está fragilizada pelas enormes carências de seu sistema educativo e por sua infraestrutura decadente.
Esta nova Áfricpa está representada por sua juventude e suas mulheres, que são muito dinâmicas", disse, antes de formular um pedido a outros líderes africanos para unificar políticas de desenvolvimento econômico, usando como mecanismo as estruturas transnacionais no seio da União Africana.
"Se atingirmos avanços importantes em matéria de educação e conseguirmos dominar as novas tecnologias, podemos alcançar em dois ou três anos aquilo que outros levaram 20 anos para conseguir", disse Condé.
Já o presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, aproveitou o evento para dizer que o continente africano tem sido vítima de erros políticos do mundo desenvolvido.
"Nós somos parte da economia mundial, e portanto aquilo que acontece em outras partes do mundo nos afeta igualmente", disse.
"Temos muita ansiedade com relação à crise da zona do euro. Espero que esta situação seja resolvida rapidamente", disse Kikwete.
Fonte: AFP