domingo, agosto 31, 2014

Cabo submarino estará pronto no final de 2016

Ligação entre Fortaleza e a cidade de Luanda, na Angola, através de cabo de fibra óptica tem investimento previsto de US$ 160 milhões. Licença está prevista para ser liberada em 
Antônio Nunes, presidente da Angola Cables, afirmou que projeto já foi aceito pelos dois governos

O cabo de fibra óptica submarino, que ligará Fortaleza a cidade de Luanda (Angola), estará em funcionamento no final de 2016 e tem um investimento de US$ 160 milhões, segundo o presidente da Angola Cables, António Nunes. “Estamos em um processo de obtenção de licença junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), portanto, o processo está em andamento”, acrescenta.

A expectativa de Nunes é que a autorização da Anatel, que foi pedida há um mês, saia ainda em setembro, para que a empresa Angola Cables Brasil seja constituída, em parceria com uma companhia brasileira ligada à área de telecomunicações, ficando a empresa angolana com a maior participação na parceria, com 76%. A licença junto à Anatel é necessária porque Angola Cables irá constituir uma nova operadora. O nome da companhia brasileira não foi revelado.
 
A Angola Cables chegou a cogitar parceria com a Telebras. Porém "as negociações esfriaram porque a empresa brasileira estava focada apenas na Copa do Mundo, mas é claro que as portas ainda estão abertas para a retomada do diálogo", acrescenta. Parceria com a Oi também foi analisada, mas também foi descartada.

Intitulado de South Atlantic Cable System (Sacs), o cabo terá 6 mil km e terá capacidade de 40 terabytes por segundo, sendo comercializado para outras operadoras brasileiras. “Já teve procura e passa sim pelas principais operadoras que atuam no Ceará, mas ainda é muito prematuro dizer quem são”.

Segundo Nunes, Fortaleza vai se fortalecer como centro de conectividade, podendo melhorar sua telecomunicação e banda larga com países da África e da Europa também. Ele acrescenta que não houve nenhuma contrapartida do governo brasileiro.

“O projeto já foi aceito pelos dois governos, a única coisa que precisa acontecer são os trâmites normais de processos administrativos”, ressalta. Negociações com o governo do Ceará ainda não foram realizadas.

Fortaleza
O prefeito Roberto Cláudio não foi à abertura do Fórum, porém, em entrevista ao portal do Instituto, disse que a saída por Angola nos dará uma conexão direta com os países africanos e, consequentemente, com a Ásia.

“Atualmente temos que dar a volta por uma conexão que temos com a Espanha para chegarmos até esses continentes. Um link internacional irá fomentar uma maior concorrência e podendo levar a uma baixa no preço da conectividade”. (Colaborou Flávia Oliveira, especial para O POVO
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Investigadora defende criação de comissões de verdade sobre questão colonial

A investigadora Maria Paula Meneses defendeu hoje a criação de comissões de verdade e reconciliação que abordem a questão colonial, assim como a criação de um projeto de interconhecimento dinamizado pela comunidade dos países lusófonos.

"É necessário compreender o impacto colonial e as violências que a história esconde", defendeu Maria Paula Meneses, investigadora da Universidade de Coimbra, considerando que "as raízes dos problemas atuais são em parte resultado de conflitualidades do passado".
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A História "é uma questão muito sensível", mas seria importante abordar "a relação colonial, que foi um momento de violência brutal", sublinhou.
"Houve ali intervenções profundas que marcaram o continente", frisou Maria Paula Meneses, que é também uma das organizadoras do Congresso Ibérico de Estudos Africanos, que terá lugar em Coimbra, entre 11 e 13 de setembro, e que pretende ajudar "a desempacotar a história e a compreender" os processos de transição.
A 9.ª edição do congresso, com o tema "África Hoje", tem como objetivo encontrar "outros olhares e versões sobre África", um "continente muito complexo e não homogéneo".
Face à necessidade de diferentes olhares sobre África, a investigadora recorda que ainda é necessária "uma descolonização mental", apontando para narrativas diferentes: "em Portugal, fala-se em guerra colonial, em África fala-se de luta de libertação. A narrativa não coincide".
"É necessário criar um espaço e tempo comum", disse à agência Lusa Maria Paula Meneses, defendendo a criação de um projeto educativo por parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que "combata estereótipos".
A CPLP, apesar de muito ativa, "está muito cingida a projetos políticos e deveria haver uma tradução mais efetiva de interconhecimento, porque o olhar colonial passa pelos manuais de história, de português, de filosofia", construindo-se "uma ideia colonial sobre África, como se fosse toda homogénea".
Segundo a investigadora, "há muito para fazer no campo do conhecimento. Temos que saber o que nos une e o que nos separa, porque de outra forma não se consegue criar uma base comum de entendimento", realçou.
O Congresso de Estudos Ibéricos, que se vai realizar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, pretende debater "o que aconteceu nos últimos 40 anos" em África, através de temas como os desafios económicos, a violência, a organização política, os recursos naturais ou os desafios na saúde.
O evento conta com a presença de Lídia Brito, ex-ministra de Moçambique e membro da UNESCO, Carlos Cardoso, investigador da Guiné Bissau e membro do Conselho para o Desenvolvimento das Ciências Sociais em África (CODESRIA), o escritor cabo-verdiano José Hopffer Almada, a são-tomense Inocência Mata, docente na Universidade de Lisboa e o economista angolano Manuel Ennes Ferreira, entre outros oradores.
 Fonte: Noticias ao MInuto

Epidemia de ebola já afeta economia da África Ocidental

Voos cancelados, fronteiras fechadas: medo do vírus muda a rotina na Libéria, na Guiné e em Serra Leoa – e atinge em cheio economia dos países mais afetados pela doença.
Desde que a Libéria registrou o primeiro caso de contaminação pelo vírus ebola, em março passado, a rotina da população local mudou. "O ebola está atrapalhando a nossa vida", reclama Caesar Morris, proprietário do cyber café I-Café, na capital Monróvia. "Desde que o governo apertou as medidas de segurança, ninguém pode mais andar livremente por aqui", lamenta o comerciante.
Houve mudanças até mesmo dentro de seu estabelecimento. Antes de passarem pela porta, os clientes precisam pisar num pano encharcado com cloro. Depois, têm que lavar bem as mãos numa pia para, só então, poderem entrar no I-Café.
As novas regras – que valem para todos os estabelecimentos – estão reduzindo o número de clientes, diz Morris, que ainda têm que gastar mais com desinfetantes. Mas a desconfiança e o medo da população são os maiores vilões dos negócios nos últimos meses. "As pessoas não querem mais chegar nem perto uma das outras. Nem apertar a mão", diz o empresário.
Para ele, há uma explicação bem simples para o seu negócio continuar de portas abertas: "as pessoas precisam do meu serviço de internet". Já outros setores que oferecem itens não tão "essenciais", especialmente os que têm contato direto com o público, estão sofrendo mais com as consequências da epidemia.
Fronteiras fechadas
Os primeiros casos de ebola foram registrados na Guiné, em março passado. Em seguida, a presença do vírus também foi confirmada nas vizinhas Libéria e Serra Leoa. A doença tem um alto índice de fatalidade – segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ao menos 932 pessoas já morreram com o vírus. Mais de 1.700 foram infectadas.
Há pouco tempo, a Nigéria também foi atingida. No fim de julho, um liberiano morreu na cidade nigeriana de Lagos após chegar de um voo de Monróvia. O episódio fez com que as companhias aéreas africanas Arik e Asky decidissem suspender os voos para a Libéria e Serra Leoa.
"As pessoas estão com medo de viajar agora, quando se fala de uma doença tão perigosa", afirma Michel Balam, funcionário da Asky em Conacri, capital da Guiné. Por isso, diz ele, a empresa têm tido menos passageiros desde o início do ano, quando a primeira suspeita de contaminação por ebola foi divulgada.
As companhias aéreas internacionais Emirates e British Airlines também divulgaram que, até o fim de agosto, os voos para os países atingidos pelo vírus serão cancelados. Elas explicaram que a prioridade no momento é zelar pela segurança dos passageiros e de seu pessoal em terra e no ar.
Grandes perdas
A suspensão dos voos deverá gerar grandes perdas econômicas para os países do oeste africano, avalia Nelson Agbagbeola, da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, sigla em inglês). Segundo ele, o isolamento dos países onde os casos estão concentrados, assim como o fim do comércio entre vizinhos, também devem contribuir para isso.
A fim de evitar a disseminação do ebola para os países vizinhos, as fronteiras da Libéria e de Serra Leoa foram fechadas. "Nenhum produto agrícola da Guiné pode mais ser importado. Com isso, em Serra Leoa, os preços já subiram muito", diz Agbagbeola.
A luta contra a epidemia é prioridade máxima nos três países afetados pelo ebola. Os países vizinhos também estão engajados. Em julho, a Ecowas, com sede na capital nigeriana, Abuja, criou um fundo para ajudar os Estados a reduzirem os efeitos da epidemia em suas economias. A Nigéria depositou 3,5 milhões de dólares neste fundo. O Banco Mundial, mais 200 milhões de dólares.
Fonte: DW

Confusão mantém turistas com medo do ebola longe da África

Reservas de voos para a África subsaariana podem cair até 50 por cento nos próximos quatro meses

Sarah McGregor e Tshepiso Mokhema, da 
Afolabi Sotunde/Reuters
Homem tem a temperatura aferida em termômetro digital por prevenção contra o vírus ebola no aeroporto internacional de Abuja, na Nigéria
Homem tem a temperatura aferida em termômetro digital por prevenção contra o vírus ebola no aeroporto internacional de Abuja, na Nigéria
Nairóbi/Johannesburgo - Quando a turista canadense Shauna Magill publicou no Facebook que chegou sã e salva em Uganda, um amigo a advertiu que tivesse cuidado com “uma coisa chamada ebola”.
Outro amigo respondeu ao comentário com um link para o Google Maps que mostrava que a capital da Uganda, Kampala, e a Nigéria, o país mais próximo afetado pela epidemia de ebola na África Ocidental, estão separados por 4.900 quilômetros.
A distância é quase a mesma que a largura da porção continental dos EUA.
Percepções equivocadas sobre a geografia da África implicam que Magill está se tornando uma exceção entre o crescente número de turistas que cancelam viagens ao continente enquanto os profissionais de saúde lutam para combater o pior surto de ebola já registrado.
Companhias aéreas suspenderam rotas para Libéria, Serra Leoa e Guiné, os países que estão no epicentro da doença.
Reservas de voos para a África subsaariana podem cair até 50 por cento nos próximos quatro meses, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.
Isso frearia o setor de turismo que, segundo o Banco Mundial, cresceu no ritmo mais acelerado internacionalmente durante os três últimos anos.
“Muitos turistas veem a África como um único e enorme país”, disse Paz Casal, analista de pesquisa em turismo e viagens da Euromonitor, no dia 26 de agosto.
“O ebola pode prejudicar a recuperação da economia africana ao reavivar estereótipos negativos do continente como um lugar de doença, fome e pobreza”.
Milhares infectados
O ebola matou 1.552 pessoas dos 3.069 casos registrados desde dezembro. A doença pode eliminar até 1,5 ponto porcentual do crescimento nas economias mais afetadas, de acordo com Donald Kaberuka, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento.
Outro surto matou até 13 pessoas na República Democrática do Congo, onde a doença viral foi descoberta em 1976.
As tentativas dos governos africanos de aumentar a vigilância sanitária nos aeroportos não impediram que operadoras como a British Airways e a Kenya Airways suspendessem voos aos países afetados pelo ebola, enquanto a Korean Air Lines adiou neste mês sua rota ao Quênia, a três fusos horários de distância, devido ao risco de a infecção se espalhar lá através dos serviços provenientes da África Ocidental.
‘Sob controle’
“Desde que haja rastreios eficientes e tratamento imediato dos pacientes nas alas de isolamento, a situação estará sob controle”, disse Jake Grieves-Cook, porta-voz da Federação de Turismo do Quênia.
“Os números são muito baixos se comparados às mortes por malária, AIDS e influenza em todo o mundo, que não geram esse nível de pânico”.
A malária, uma doença evitável e curável, mata em média uma criança por minuto na África, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
No dia 8 de agosto, a OMS declarou que a epidemia de ebola na África Oriental é uma emergência de saúde pública. A organização diz que o risco de que o ebola se espalhe por viagens aéreas é baixo.
‘Impacto direto’
Além de não conhecerem a geografia da África, o maior continente em termos de massa de terra e população depois da Ásia, a preocupação dos turistas é que os governos depauperados não consigam conter o contágio, disse Thulani Nzima, CEO da agência nacional de turismo da África do Sul, em entrevista por telefone.
Grupos de turistas asiáticos estão entre os que cancelam as viagens por causa da doença, disse ele, sem dar mais detalhes.
Os países afetados pelo ebola representam menos de 0,5 por cento do total de viagens internacionais para a África, silenciando o “impacto direto” da epidemia sobre o turismo, disse Sandra Carvão, diretora de comunicação da Organização Mundial do Turismo, em resposta a perguntas enviadas por e-mail.
Aventura de 8.000 dólares canadenses
Após saber sobre a epidemia de ebola, poucas semanas antes da sua viagem deste mês, Magill chegou a pensar em cancelar suas férias aventureiras pela África Oriental, que incluirão fazer rafting por águas claras e ver gorilas no habitat natural.
Há dois anos ela vinha planejando a viagem, que custará 8.000 dólares canadenses (US$ 7.366), o que quase equivale a oito meses de aluguel.
“Fiquei na dúvida sobre se viajar por causa da forma em que os meios de comunicação do Canadá mostraram a epidemia na África Ocidental; não explicavam que o resto do continente é seguro e que não foi afetado pelo vírus”, disse Magill, 30, gestora de deficiências em Calgary, Alberta, em resposta a perguntas enviadas por e-mail.